A Agência Nacional de Energia
Elétrica, (Aneel), liberou no mês de fevereiro, a operação comercial de mais
quatro usinas eólicas no Rio Grande do Norte. Ao todo, os quatro
empreendimentos têm capacidade para geração de 94 MW. A notícia positiva é só
mais uma entre os avanços, que o setor tem alcançado nos últimos anos. Pode-se
dizer que o Rio Grande do Norte começou o ano de 2015 comemorando, o estado
possui hoje a maior matriz eólica estadual do
Brasil e também a maior capacidade instalada.
Segundo a Agência Reguladora de Serviços Públicos, (Arsep),
responsável pela fiscalização dos parques eólicos no estado, o RN hoje é
autossuficiente na produção de energia limpa, conta com 70 parques eólicos em
operação, 31 em construção e 67 já com autorização para serem iniciados. Em
2015 a agência reguladora vai realizar 37 fiscalizações. As fiscalizações são
divididas em dois tipos, Operações Rotineiras, executadas em parques, que já
estão em funcionando e Expansão de Oferta, realizadas em parques, em fase de
construção. A função da Arsep é assegurar que as obras sejam feitas dentro
dos prazos e que obedeçam as normas técnicas de execução e funcionamento.
Para a Diretora-Presidente da Arsep, a engenheira Kátia
Pinto, a fiscalização é fundamental para que o Estado continue avançando de
forma eficiente na produção de energia limpa. “Ficamos honrados por nosso
estado ser auto suficiente na geração de energia, principalmente num momento
como esse de crise energética. O papel da agência é importante, porque controla
a produção e a execução desses parques, verificando se o cronograma contratado
com a Aneel durante o leilão está sendo cumprido e se a produção de energia
limpa está acontecendo de forma correta para, que a população seja beneficiada.
É importante que o governo federal se preocupe com os leilões, mas também com
as linhas de transmissão que levam a energia produzida aqui, para todo o
Brasil” comentou a gestora.
De acordo com o
Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energias Renováveis (Cerne), a
estimativa é que o setor no RN tenha recebido nos últimos 5 anos, de R$ 3 a 4
bilhões em investimentos. A expectativa até 2018, é que a capacidade
produtiva do estado chegue a 5.006.063(KW) e esses números podem subir. A Empresa de Pesquisa Energética, (EPE) cadastrou
521 projetos para um leilão A-3, a ser realizado no dia 24 de julho. O
Rio Grande do Norte saiu na frente mais uma vez. Dos 521 projetos
cadastrados, 132 são voltados para a
produção de energia eólica no estado potiguar. Um leilão A-3 é um tipo de processo
onde os empreendimentos vencedores devem entrar em operação no
prazo de três anos, a partir da assinatura do contrato.
A energia eólica é uma fonte de
energia limpa, para a construção de uma usina é necessária uma grande extensão
de terra, pois as turbinas precisam ter uma distância específica entre si. Esse
distanciamento evita que a perturbação causada no escoamento do vento atrapalhe
a outa unidade. Não impossibilitando porém, que o espaço do parque possa ser
utilizado para outras atividades. Em alguns casos as empresas ganhadoras dos
leilões de energia simplesmente compram os terrenos onde pretendem instalar
seus parques, enquanto em outros, os espaços são arrendados e os proprietários
passam a receber pagamentos fixos pela produção de energia no local, o montante
é calculado pelo percentual da receita que cada equipamento instalado gera.
O custo de produção da energia eólica
é considerado alto, em comparação a outras fontes, também tidas como
ecologicamente corretas, mas em contrapartida a energia eólica é considerada a
fonte de energia mais limpa do planeta. Em um período onde alternativas
sustentáveis estão cada vez mais necessárias, a energia eólica se tornou um
caminho, na tentativa de preservar os recursos naturais e consumir de forma
responsável. Além de ser uma nova opção ao modelo prioritariamente utilizado no
Brasil de construção de hidrelétricas. Apesar de limpo, o uso do nosso
potencial hidráulico causa mais impacto ambiental e está mais suscetível a
crises, já que depende da quantidade de chuvas, que sofre mais variações, que o
nível dos ventos.
O Rio
Grande do Norte entra nesse cenário com alguns privilégios naturais.
Localizado, como se diz popularmente, na “esquina do continente” o estado
recebe em boa parte do seu território ventos regulares. Segundo o coordenador
da Câmara Setorial de Gás, da Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsep),
Ezequiel Rebouças, é importante que esses ventos não possuam variações bruscas
em frequência e velocidade. “Como as condições climáticas no Rio Grande do
Norte oferecem essa regularidade, temos um ambiente naturalmente vocacionado a
esse tipo de atividade”, explica.
Além disso, o estado vem trabalhando nos últimos sete anos e
se tornado um destaque nacional. Entre 2009 e 2014 o Rio Grande do Norte conquistou
o primeiro lugar nacional em novos leilões federais envolvendo fontes
renováveis de energia. Nos últimos cinco anos, passou da condição de importador
do recurso para provedor regional. A autossuficiência no setor representa
investimentos e uma situação de tranquilidade energética, que facilita a
atração de outras cadeias produtivas.
Até 2017, estima-se que a as atividades no setor eólico
sejam responsáveis pela geração de 30 mil empregos diretos ou indiretos. Apesar
de ser uma atividade, com uma mão de obra bastante restrita na
operacionalização dos parques, durante a construção dos equipamentos o número
de pessoas envolvidas é bastante superior e prioritariamente local. Atualmente
o estado já conta com capacitação mais técnica, como um curso de graduação em energias renováveis no campus do
Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) no polo
de João Câmara, e cursos de pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN), no polo de Natal.
A nível nacional também vivemos um bom
momento, hoje o Brasil ocupa o 11º lugar no ranking dos países com maior
capacidade de geração eólica em todo o mundo, apesar do setor ainda sofrer a morosidade da implantação das linhas de transmissão, avanços
tem acontecido. No ano passado, houve um aumento de 126,7% na capacidade
instalada das usinas eólicas em operação no país. As usinas eólicas após
contratadas devem entrar em operação no prazo de três anos, caso arrematadas em
leilões A-3, ou em cinco anos, se arrematadas em leilões A-5, contando a partir
da assinatura do contrato. Com uma série de exigências a serem compridas,
principalmente ambientais, muitos projetos de escoamento da produção eólica,
não conseguem ser finalizados no mesmo período que os parques eólicos, o que
representa prejuízos para o consumidor de energia elétrica.
Em reunião com o ministro das Minas e Energia, Eduardo
Braga, o governador do Rio Grande do Norte, Robson Faria discutiu a desoneração
dos impostos estaduais e federais para a produção de energia eólica e a
ampliação das linhas de transmissão. De acordo com governador, a conversa foi
muito produtiva. “O ministro deixou claro que o Governo federal está corrigindo
os rumos do planejamento para escoar a produção, porque entende que o estado
tem jazidas com constância e intensidade dos ventos, o que deixa o RN entre as
melhores fontes eólicas do Brasil. Eles enxergam o nosso potencial e sabem que
nós temos a maior capacidade instalada”, comentou. A expectativa é que
esse ano, seja possível minimizar o problema e que o ano de 2016, como o de
2015 comece para o setor de energia eólica do Rio Grande do Norte em ritmo de
comemoração.