Estamos para celebrar o Natal do Senhor. Para nós, Cristãos,
é o acontecimento que confirma a historicidade do nosso Deus. Ele adentra o
tempo e o espaço humanos para salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1,21). Eis
outra afirmação sobre a finalidade da encarnação do verbo que se faz carne e
vem habitar entre nós (Jo 1,14). A presença do Filho de Deus qualifica a
história humana. A atuação de Deus a harmoniza.
Estamos no âmbito do mistério do Emanuel, que quer estar no meio de nós
(Mt 1,23).
A História da Salvação é sempre pontifical. Deus cria pontes.
Ele as faz necessárias. Como lembra-nos o Papa Francisco, devemos sê-las.
Quando acolhemos seus desígnios pela fé, nos tornamos pontificais. Esta certeza
nos é confirmada pela plenitude da Revelação em Jesus Cristo. Tudo Nele é
ressignificado para nós. Sendo Ele a Plenitude, as demais formas de revelação são
validadas. Esta inferência autentica a nossa instrumentalidade. Somos
mediadores de Deus, na Única mediação. A pedagogia divina encaminha-nos para
que acolhamos estes atos do Senhor. A genealogia de Jesus Cristo nos oferece
uma convicção teológica e eclesial de que o Povo de Deus continua sendo gerado na
história. Sabemos que a fé é condição irrenunciável desta construção, que é relacional.
A conversão do coração humano ao projeto misericordioso do Senhor é o que
formata este intercambio.
Quando há esta leitura teológica, o que é necessário é a
existência. O que os filhos têm do acolhimento de Deus, agora deve ser
comunicado aos semelhantes. Quem ama e acolhe a Encarnação de Deus, precisa
encarná-La na vida dos demais. Por isso, dizemos que a história divina enobrece
a humana. Por que Deus nos quer salvos do pecado? Porque este nos tira esta
possibilidade pontifícia. A perdição humana consiste na falta de comunhão com
Deus e o próximo que nos nega a possibilidade de ser geradores de vida e de
felicidade. O que nos trás o Natal? A esperança de que tudo pode ser
reabilitado. Deus deseja que isto aconteça. Esta espiritualidade natalina tem
que nos fazer entender que a nossa mais bela atitude é acolher Jesus Cristo, o
Filho de Deus em nossa vida e anunciá-Lo ao mundo. A confusão de fé na vida de
quem é criado à imagem e semelhança de Deus atrofia a trajetória à qual somos
chamados a percorrer.
Por fim, o que o Natal nos recorda é que como Deus, mediante
o seu Filho, construiu ponte para nós; da mesma forma, devemos ir ao encontro
dos outros para que cada vez mais Jesus nasça na vida de todos que querem, pela
fé, dizer sim à ação de Deus na história que torna o humano divino e o divino
humano. Assim o seja!
Pe. Matias Soares – Pároco de São
José de Mipibu-RN
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