O Mundo ficou perplexo com
os últimos acontecimentos na França, por causa do ataque ao jornal (Le Charlie)
e assassinado de jornalistas, cometido por fanáticos adeptos da religião
islâmica. Desde já, é importante enfatizar que eles não representam todo o
Islã. A motivação principal para os ataques foram os desenhos que, segundo a
interpretação dos extremistas, desrespeitavam a figura do profeta Maomé.
No Ocidente, o tema da
Liberdade é basilar para a compreensão da vida social e política. Sem a clareza
do que ela significa, não se tem base para que sejam pensados os conceitos de
justiça, igualdade, respeito, solidariedade e, o mais importante, o sentido da
Democracia. Se não existe Liberdade, não existe esta forma de poder. As
culturas, grega e hebraica, através da filosofia e da fé, embasaram o que na
modernidade foi estruturado sobre o significado da Liberdade. A Revolução Francesa
é o marco histórico e referência epistemológica para que compreendamos o seu conceito
e como este é usado até os nossos dias. Contudo, as mudanças de época, que
geraram esta época de mudanças que estamos vivendo, nos trouxeram perplexidades
acerca do valor da Liberdade. Ela é um produto almejado globalmente. Todos
querem tê-la e vivê-la. Os Meios de Comunicação, que agora com as Redes
Sociais, democratizaram, mesmo que ainda com suas limitações, a possibilidade
de manifestação da subjetividade, possibilitaram a sua conquista, mas também
afloraram os desafios que a acompanham. A Grande Mídia, é sujeito deste novo
tempo, mas também passou a ser objeto.
Atualmente, o fenômeno da
abrangência e importância do sagrado, e aqui pensemos todas as formas de
religião, passa a ter um sentido não só individual e particular, mas, tanto
quanto, público e mundial. O atentado às Torres Gêmeas é um símbolo desta
verdade. Do mesmo modo que existe a liberdade de expressão, há também a
liberdade religiosa. Uma não pode anular a outra; nem muito menos
violentarem-se mutuamente. São Direitos Fundamentais, inclusive reconhecidos
pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Quando ainda estava
estudando em Roma, nalgumas viagens que fiz ao Norte da Itália e à Inglaterra,
observei que já naquele tempo, pelos idos de 2000, existia uma massiva presença
de muçulmanos, naquelas paragens. Como já é de conhecimento comum, na França
também. Já hoje, e num futuro não tão distante, os países europeus terão um
grandíssimo problema para lidar com esta situação religiosa e política. O
laicismo europeu é vazio. Eles mataram deus, e o confundiram com uma religião.
Renegaram suas raízes e agora estão como árvore velha, tendo o tempo como seu
pior inimigo.
Sem dúvida, as atrocidades
terroristas são horrendas e abomináveis. Todos nós as condenamos; e não
podemos, em hipótese alguma, alegar qualquer possibilidade de justificativa.
Todavia, estes últimos acontecimentos dos Estados Unidos, Europa e, porque não
dizer, os daqui do outro lado do Mundo, no tocante ao desrespeito à liberdade
religiosa e a tudo que representa sua expressão, também precisam ser analisados
e racionalizados. Atenção! A Liberdade não pode perder a Razão. Elas têm que
estar casadas e bem integradas. Uma das características da Posmodernidade é a perda do uso desta racionalidade. Ela
acontece no encontro com o Outro. A cultura, a história, os valores e a vida
dos Seres Humanos não podem ser violentados, nem com armas, nem com palavras.
Umas ofendem ao corpo; as outras denigrem a alma. Temos que pensar muito bem
sobre o sentido da Liberdade.
Por fim, que seja mais uma
vez enfatizado como abominável e desprezível, qualquer sentimento e prática
religiosa que sejam usados para ofender a dignidade dos semelhantes; e ainda,
que a liberdade de expressão não seja usada para fundamentar ofensas e
ridicularização do que é importante para aqueles que assumem a sua Condição
Transcendental e religiosa. Reflitamos sobre tudo isto e viva as Liberdades! Que
a Paz possa reinar! Assim o seja!
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