O período natalino
é um dos mais belos do ano. São vários os motivos pelos quais tudo ganha mais
cor, alegria, música e encanto. Certamente concorre para isto, o fato de está
próximo o período do descanso das merecidas férias e os anseios por um ano melhor
que o que finda. Por isto é justo considerar o Natal e o Advento, que o prepara, como tempos da esperança. Há
muito tempo, porém, algo vem mudando nesta época do ano. É uma mudança visível
e, ao mesmo tempo, camuflada, quase subliminar. O Natal, como o próprio nome já
o diz, é a comemoração do Nascimento de alguém muito especial. Na liturgia
católica é mais que uma comemoração, é um mergulho neste mistério de amor. A
Santa Missa do Natal nos leva de volta a Belém para o encontro com o Emanuel.
Ele não foi chefe de Estado, filósofo, cientista renomado ou celebridade da
moda. Simplesmente foi e é o Filho eterno do Pai, que veio habitar no meio de
nós, sendo em tudo igual a nós, menos no pecado. E seu nome “era Jesus de
Nazaré” canta Pe. Zezinho na inesquecível canção “um certo Galileu”. Nesta
“mudança de época” há uma tentativa orquestrada de substituir ou eliminar em
tudo a presença do Sagrado. A proposta é uma espécie de laicização em massa com
clara matiz ateísta. Na verdade, uma espécie de neopaganismo reaparece com
força em nossa sociedade. Vejamos que a festa do halloween ou “dia das bruxas”
ganha cada vez mais adeptos nos Estados Unidos e mesmo no Brasil, inclusive já
faz parte do calendário de muitas escolas, até mesmo católicas. As leis no país
restringem cada vez mais qualquer apoio do Estado a cultura religiosa enquanto
as manifestações contrárias a dignidade do ser humano como a “marcha da
maconha”, o movimento “pró aborto” e outros recebem apoio e adesão.
Voltemos, contudo,
a questão principal: o Natal está sendo empobrecido em seu sentido profundo.
Quando vamos às lojas, aos shoppings e as repartições públicas, por exemplo,
vemos tudo muito colorido e iluminado para festejar o “bom velhinho”, sinal
mais do consumismo do que da bondade ou generosidade das pessoas. Acontece uma
substituição dos ícones do Natal. Em lugar do presépio, um belo carro a ser
comprado ou sorteado; em lugar da imagem do Menino Jesus, um grande boneco do
Papai Noel. Aqui surge a pergunta: o que ou a quem adoramos no Natal?
Certamente não cairemos no ridículo de dizer que as pessoas estão adorando o
“bom velhinho”, mas é provável que também a adoração não esteja sendo dada ao
Filho de Deus encarnado. Adorar é devotar toda a nossa atenção, todo o nosso
amor. Adorar é depender de Deus e pautar nossa vida pela sua vontade, resumida
na lei suprema do amor.
O mundo não é mais
o mesmo, as pessoas mudaram seus conceitos e as convicções tendem a ser cada
vez mais relativizadas, graças também ao fenômeno da divisão do cristianismo em
milhares de igrejas e seitas. O Natal é a festa cristã por excelência, mas não
está sendo a celebração universal da pessoa que mudou para sempre a história da
humanidade. A festa da entrega do “Presente do Pai”: o Salvador de toda a
humanidade. Estamos desprezando o principal para acolher o adicional,
abandonamos o homenageado para curtir a homenagem, rejeitamos o dono da Festa
para acompanhar o intruso. Para mudar o quadro só há um caminho: recomeçar,
voltar às origens para redescobrir na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja
o que significa para o mundo e para cada pessoa desejar: Feliz Natal!
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