Jovens de classe média contaminados pelo vírus da AIDS em baladas regadas a muito álcool e drogas têm se tornado figuras frequentes nos consultórios dos infectologistas. A probabilidade de um jovem praticar sexo inseguro é cinco vezes maior se ele tiver bebido demais. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, as infecções pelo HIV entre rapazes e moças de 15 a 24 anos cresceu cerca de 25% entre 2003 e 2012. Na pesquisa Atitude Abril – Aids, 8% dos jovens até 24 anos declararam não usar camisinha. Outros levantamentos, no entanto, revelam dados mais assustadores. Segundo pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgada no início do ano, um terço dos rapazes e moças de 15 a 24 anos dispensa a proteção. Os especialistas são unânimes em afirmar que, na realidade, esse número deve ser ainda maior.
O projeto Atitude Abril – Aids traz um dado revelador dessa realidade. Apenas um em cada quatro jovens associa a palavra medo à doença. A juventude do século XXI não testemunhou o horror dos primórdios da epidemia de aids. No início dos anos 80, quando não havia os remédios antirretrovirais, a infecção pelo HIV representava uma sentença de morte. Entre o diagnóstico e a fase terminal, transcorriam, em média, cinco meses. No fim da década de 90, com a criação do coquetel anti AIDS, foi possível prolongar, com qualidade, a vida dos portadores por tempo indeterminado.
É comum também o jovem dispensar a camisinha à noite e, no dia seguinte, recorrer ao uso profilático do coquetel. Administrados até 72 horas depois da exposição ao vírus, os medicamentos podem conter a proliferação do HIV. A maioria não leva em conta, no entanto, a extensa e dolorosa lista das reações adversas dos antirretrovirais — depressão, diarreia, anemia e gastrite, entre outras. No levantamento Atitude Abril – Aids, 36% dos entrevistados não acreditam nos graves efeitos colaterais dos medicamentos anti AIDS ou os desconhecem.
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